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Joan Miró - Interior Holandês |
Um mutirão de palavras
trabalha sobre o que ainda não sei.
São aços acelerados
que dobro feito lenços
na cabeceira da alma.
Às vezes são sobras inacabadas
e as dou de comer aos cães
se eles crepitam
na madrugada estanque,
quando fazem do meu peito
a extensão de suas patas.
Cada cilada esbanja seu próprio talho
por onde verto.
No aberto da casa
já não sou oferenda às caças
e só descanso fora das promessas
escassas.
Tenho relíquias invisíveis...
tranquilas no esquecimento.
Aumento as demoras
alojadas no pulso.
Sou o alimento avulso dos relógios extremos.
Suprimo forças na beleza
das vésperas de qualquer milagre.
Depois me alegro no rosto magro
das palavras
que em mim se agregam.