Décima Segunda Revelação
- a revelação final -
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Wassily Kandinsky - Composition VI |
Saberás desabitar teu tempo
nas vértebras dos colibris.
Ainda que colidam esperas
e multipliquem-se de vésperas;
ainda que removam teus navios
e os desafios envelheçam.
Saberás do espelho
nos rigores da máscara
que transborda a cara.
E tudo será retrospecto,
avulso...
sem ramificações
que não sejam marítimas.
Saberás legitimar das fraudes
o esquecimento;
a desmemória chave
do que não recomeça
e já não pode ser outro
por falta de pacto.
Sorverás da palavra
a nódoa
imperdoável
de qualquer beleza.
Rezarás inúteis distâncias
por causa das gentes
e estas ressurgirão
no tardio de cada urgência.
Saberás
no pontal das cegueiras,
das bandeiras que dissolvem
quando feitas de gelo e sal.
Deixarás teu tempo
como o animal que deixa
- do combate ao ninho -
o incompatível caminho.